domingo, 27 de novembro de 2011

Medo do Mundo


Nada do que eu fizer, nada do que eu disser será suficiente para mudar o mundo, ando cansada das mesmas caras nas ruas, dos mesmos sorrisos pela metade, dos mesmos abraços gélidos, simples formalidade, soa como sinônimo de educação, acho mesmo é que gosto das pessoas mal educadas, mal interpretadas só por saberem que abraço não é mecânico é alma. Gosto das pessoas que são capazes de ficar zangadas comigo e com raiva do mundo. Dos meus poucos amigos que me olham nos olhos e me dizem que estou errada.

Estou farta de ver poesia onde há dor, meus olhos não aguentam ver as ruas “incolor”, será possível que não tenha cheiro ou sabor? Andar vagarosamente me rasgam as retinas, acho que assim como alguns ando infectada desse mundo doente, ando querendo ver cores por onde passar. Sempre quis mudar o mundo, não sozinha, essa vontade nasceu quando encontrei companheiros que acreditam ser possível um mundo novo. Enquanto esse mundo não chega tento respirar esse ar poluente.

Acho que ainda quero esse mundo que me fizeram acreditar, ele é tão simples que não consigo compreender como ainda não existe. Mundo onde as pessoas não são números, são simplesmente gente visível aos olhos da sociedade. Que as cores celebrem de fato igualdade entre todos os seres, sendo homens ou mulheres de todas as cores e lugares. Um mundo em que ser homossexual não seja motivo para morrer espancado por bárbaros. Que as diferenças de sotaque sejam motivo de orgulho, queria poder ouvir música boa em qualquer estação de rádio, mas o que ouço é apenas esculhambação, violência.

Estou cansada de tantos gritos não ouvidos, noite e dia essas vozes me acompanham, reclamam da TV que prende e te faz acreditar numa beleza que se compra e você jura que pode parcelar em mil tua felicidade que não passa de material ela vem com seus sonhos de consumo. Quero sentir a terra e ver crianças correndo nas ruas ao invés de estarem na frente de uma tela competindo pra ver quem mata mais em jogos absurdos.

Hoje tenho medo de ter filhos só por não saber se ele ou ela terá amigos que o afaguem em abraços e que troquem confidencias, não sei se suportaria ver meus filhos com amigos virtuais e se não tiver pele para ele ou ela? E se não tiver terra e chuva para que sinta que é tão natureza quanto os rios, pássaros, ar. E se não entender que não é máquina? Ando querendo o mundo que sempre quis. Ando com medo do mundo.

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