terça-feira, 20 de março de 2012

20.03.2012


Pássaros de olhos de fogo
Cobriam a noite sem lua
As chamas faiscadas no ar
Incendiavam o vento
O céu, agora rio de fogo
Na terra um risco de sangue
Por cima da terra tuas mãos de mulher
Debaixo do céu teus olhos-pássaros
Teus passos pesados no chão
Fogo e sangue, fogo de sangue
Olhos de fogo e corpo sem sangue.

domingo, 11 de março de 2012

I

Subiu até o mais alto e reparando o mundo de cima percebeu que era a menor das criaturas do mundo. Os pequenos vistos do alto viam uns aos outros, seus olhos cobertos de desespero também os viam. Quanto a ela, só o silêncio que as vozes não conseguiam quebrar, era agora todas as vozes que a expulsavam de si. Quantas mulheres no mesmo ventre? Inúmeras e quase infinitas, meninas mortas com seus sonhos coloridos inumados no mesmo esquife. Mulheres com suas veias dilaceradas por paixões fulminantes, meninas que não se mostraram. Olhando cada face que foi dela, cada dor e cada culpa, feridas expostas e olhos inquietos. Todas elas dentro dela, elas todas diante dela. Nem menina, nem mulher.

sábado, 3 de março de 2012


Escondida no escuro
Seu coração sangra
O corpo agora álgido
Sem motivos assiste a vida que passa
O peso da alma suscita a morte
Culpa... 
Consciência que lhe falta e sobra