sábado, 17 de dezembro de 2011


Eu falo de amor por não saber amar,

Escrevo palavras soltas que me alfinetam as carnes

Descrevo a dor como quem a sente no suspiro final

O amor é suicida

Quando descubro que amo mato minha existência só pra reviver em outro ser

Respirar não me basta se não tenho teu cheiro no ar,

Falar de amor? Quero poder te amar.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Meu Cristo em cores

Mais uma madrugada se chega, mais um dia se apresenta. Quantos Cristos nasceram?
Confesso que não sei, quantos nascem todos os dias e ao nascerem se tornam invisíveis... Nem chegou dezembro e as cidades se enchem de luzes e enfeites, ele o Menino, nem foi convidado para sua festa. Chamaram o bom velhinho rosado que recompensa os que passam de ano na escola, oxe! E Jesus que nunca pisou numa escola não vai ganhar presente? Nem mesmo o Redentor    que hoje quase amanhã ainda não tomou café. Que bonito a varanda daquela casa, parece ser um pinheiro cheio de bolinhas coloridas, eu enfeitaria o coqueiro, mas não tenho casa, ou jardim, não tenho praças. Então apenas olho os vidros das lojas e as vendedoras com um chapéu vermelho na cabeça.
Feliz Natal, o resto do ano a felicidade não importa, paz a todos os irmãos, irmãos?
 - Sim eu falei irmãos!
Hoje é Natal, troquemos os presentes, abracemos os entes “queridos”. Sorriam.
Natal, Capital, aqui o Cristo é loiro e tem olhos azuis, meu Cristo fugiu da Cruz e nasce todos os dias ele também é loiro e de olhos azuis, ele é negro, ele é de todas as cores você passa por ele e nem diz bom dia, outro dia encontrei com alguns deles numa rua movimentada, me levaram um celular e puseram um revolver na minha cabeça. Essa foi a oração que eles aprenderam.
Ele nem sabe que também é cristo, só o chamam de marginal. Ando mais um pouco e lá na frente Cristo outra vez, ele agora tem formas femininas e trabalha todas as noites nas esquinas da vida, ainda dizem por aí que ganha a vida fácil. Você já foi Cristo algum dia? Provavelmente nem se deu conta que tem um pouco dele dentro de si.
Procura-se! Não, ele certamente não está na propaganda, não é assim que vai achá-lo. Olhe em volta ele deve está em cada rua que você passar. Qual a primeira coisa que você lembra no natal? A festa, os presentes, os amigos, fim de ano e descanso, em que momento você lembra do Menino antes do Velhinho? Queria meu Papai Noel sentado num jumento, com um chinelo de dedo tenho pena do calor das botinhas nos pés, e apresentando o Reizado, que louva ao Jesus menino. Quero ouvir oxente no lugar de how, how, how, ou, rou, rou, rou.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Regressiva


Parece que apagaram as luzes e nem a chama da vela deixaram acesa, é um dia desses em que o estômago embrulha ao ver um sujeito vomitar sua intelectualidade que de nada serve ao mundo. Grande feito à humanidade, um canudo na mão e sua coleção de títulos. Salve ao salvadorcentrismo, eis aí um deus-bolha, um deus-lata, um deus-bolha que se vende em latas. Calem suas palavras adestradas, elas não tocaram as almas impuras, elas não dançaram no ritmo de um pulsar desembestado de salivas quentes.

As palavras possuem os seus possuidores, o que eu escrevo é tão meu quanto de todos os que já foram comidos pelos vermes, são mais daqueles que ainda nem as conhecem postas como estão. Palavras aprisionadas a norma culta, palavras que são cuspidas de umbigos desdentados... que me aferram as carnes de tão repulsivas que me soam, que  roem os olhos,  assim nunca mais verão as bocas malacafentas.

Deus-lata! Como é bondoso ao salvar-se, deus-bolha! Evacue suas palavras avarentas, antes que elas adentrem meu sangue e estando em mim feneçam. Faça uma rima e seja assim poeta, poeta das almas desalmadas, degustem suas poesias embrulhadas em papel florido, dissimulem seus medos em capas de coragem. Anistiem seus pecados. Não é pra isso que os deuses servem?