domingo, 8 de julho de 2012

Inquietações

Desperta!
Liberta as fantasias mais profundas
Faz do meu corpo couto à lubricidade
Rasga-me em desvarios
Encandeia nossos olhos
Paire sobre a carne trêmula
Resvala teus pelos em meu suor
Dê-me tua agonia.
Deixa na carne o último toque
Nos lábios beijos cabais
Desperta!
Aprisiona-me em teu corpo.

domingo, 1 de julho de 2012

Ô moça

 
Ô moça, me diga alguma coisa
Alguma coisa que eu já não saiba sobre mim
Me diga o que desejo, antes das três

Antes das três, antes das seis, antes das três

Ô moça, seja sincera
Seja sincera e diga ao menos uma vez
O que deveras espera de mim

Antes das três, antes das seis, antes das três

Agora já vou-me embora
Só meias verdades, insanidades
De tudo que deixei que soubesses sobre mim

Antes das três, antes das seis, antes das três

Ô moça, nunca esqueça
Das noites em claro, dos beijos roubados
De todo amor que fizemos assim

Antes das três, antes das seis, antes das três

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Bater de Asas


Ela só quer voar

E ela quis voar

Ela quer voar

Todo anjo tem asas

Não sei voar,

Não tenho asas

Quando ganha o céu

com suas asas de anjo

seu toque sagrado

com sete cores pinta as nuvens

ela só quer voar

talvez não volte

o céu é seu chão

não sei voar

Olho o céu, vejo seu rosto

seus cabelos e cores no mar

Suas lembranças, minhas lembranças

uma madrugada em preto e branco

e ela quis voar

acender a lua

com sua boca salgada

eu não sei voar

não tenho asas

ela quer voar

o tempo é a ponte do infinito

é a voz que me cala

quando ela voa

bem longe de mim

seu cheiro a cada bater de asas

e o tempo distante

o dia se vai a noite já vem

Ela quis voar

Ela quer voar

Ela só quer voar

E eu não tenho asas


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Já me convenci que estou longe da grande alma dos poetas, compreendo que poesia não é só uma questão de método, de amarra, ela tá mais perto do sangue que do suor. Por um tempo resolvi deixar o
blog privado. Entrei em crise com as Letras, meu apego e zelo com as palavras me fizeram repensar o que escrevo e como escrevo. Então depois de muita discussão com alguém que me ver de perto compreendi que minha busca por algo perfeitamente completo não iria se esgotar. Fruto das incertezas e das palavras incompletas, sem nome, sem donos, assim são e acho que continuarão sendo os textos que coloco no imaginário-poético. Poder sonhar, buscar e sentir, perder a ordem o controle e deixar fluir linhas e linhas. Como nada do que falo é completamente meu, assim como sou vários pedaços passados aqui está de forma livre o imaginário-poético.

Me abriguei na noite escura

Deixei a chuva molhar sem que pudesse sentir

Parei no momento exato, teus olhos nos meus

Dedos entrelaçados.

Senti tua respiração na minha

E a dor de cada lágrima tua, teu desespero

Senti teu coração sangrar

Molhando minhas carnes

A chuva parecia nossos olhos sem cessar

A cidade dorme, ninguém vê, só nós.

Esse querer desordenado que insisto não querer

Recusas o amor sem que o possa desfazer

Acolho em meu corpo nosso amor-menino

Envolto em teu corpo

Explode estrelas e faz festa em teus olhos

Cansado de nossas recusas, faz bagunça

Estremece céus e grita as nuvens, tão frágeis

Choram, choram o amor desconsolado

O amor desordenado, em clemência

veste o dia cinza, deixa que o frio alastre.

Impiedoso, não nos deixa dormir

Faz doer, doer e os gritos ficam presos na garganta

Procuro o chão e não estão em meus pés

Onde estão tuas asas que me salvam?

Agora faltava-lhe asas e sobra chão

Será o fim que chegou ao fim?

O tempo é meu cárcere só ele me liberta

Só ele me condena, só ele me tira de ti

Você veio com o cheiro do mar,

Eu te quis, implorei que viesse logo

Rogo ao tempo todos os dias,

Mais um minuto, tá doendo

Deixa doer, me traz o cheiro dela

E logo invades meus sonhos e dança feliz

Posso sentir teu cheiro, desespero.

Faço mais uma prece, mais um sorriso

Deixa doer, me traz os olhos dela

Um rio corre feliz, teus olhos no meu.

Eu peço calma, me falta pele, me falta alma...

Imploro ao tempo, deixa doer, não a leve daqui


23/05/2012, o ponteiro já nem queria marcar o tempo.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sigo sem saborear as horas
A procura de algum lugar
Um lugar dentro de mim
Um lugar fora de mim
Onde possa te encontrar

Paro no meio da noite
E a estrada não tem fim
Sigo no silêncio sem a tua mão
Caminho pelo avesso
Tua voz na contramão

Sigo sem poder sobrestar
Paro sem que possa prosseguir
Mais uma noite incompleta
O dia amanhece e o sangue corre

Escorre ácido onde você não está
Deve haver um lugar
Que você não vai está
Dentro ou fora de mim

O sangue seco é caminho seguro
Por onde sigo sorrindo no escuro
Sei que aqui teus passos rasgaram
As rosas que sangram sem misericórdia

Sigo o sangue seco das rosas
Paro em algum lugar
Dentro ou fora de mim
Toda hora é hora de te reencontrar

É tua voz outra vez na contramão
Dou de cara com o abismo alucinado
Ele quer me devorar, já passou da hora
Sinto muito, já passou da hora
Os olhos da moça bem de leve me tragaram.

Sigo sem saborear o compasso
de prazer de cada hora
Passo sem poder te olhar,
dou de cara com o futuro
Salto para dentro do presente
No teu riso quase lindo
Deve haver algum lugar
Em que você não vai está
Não sei se dentro ou fora de mim

E a noite já se finda, salto sobre o fogo
Me abrigo na saudade do que já não há
Quer saber de fato o que sinto?
Dê de cara com um abismo
Entre então num labirinto

Sinta os fios da marionete
Ela pensa caminhar sozinha
Aí você decide mudar o ritmo do blues
Os fios soltam e de nada adiantou
Não vai andar...

Paro no tempo e o tempo não me para
Então, parta meu amor antes que me partas.
As nossas vidas curtas
Se juntas só terão triste fim

Teu beijo sempre foi um adeus anunciado
O fim sem começo
Minha boca, tua língua
É amor minha querida

Sigo sem poder sobrestar
Paro sem que possa prosseguir
Deve haver algum lugar
Que você não vai está
Dentro ou fora de mim...

segunda-feira, 9 de abril de 2012


Há noite em meus olhos,

É noite minha alma

É noite os meus dias

Dançam as palavras

E você ia, fugia, fugia...



A dor é minha noite

Ela é meu dia

São os teus gestos

a minha sonhada agonia

faltava-me palavras

E você se escondia



A noite a dor é companhia

Aqui dentro você me doía,

Eu apenas sonhava

Enquanto você ia

Escondia dos olhos

E você ia...

Da minha alma fugia.

terça-feira, 20 de março de 2012

20.03.2012


Pássaros de olhos de fogo
Cobriam a noite sem lua
As chamas faiscadas no ar
Incendiavam o vento
O céu, agora rio de fogo
Na terra um risco de sangue
Por cima da terra tuas mãos de mulher
Debaixo do céu teus olhos-pássaros
Teus passos pesados no chão
Fogo e sangue, fogo de sangue
Olhos de fogo e corpo sem sangue.

domingo, 11 de março de 2012

I

Subiu até o mais alto e reparando o mundo de cima percebeu que era a menor das criaturas do mundo. Os pequenos vistos do alto viam uns aos outros, seus olhos cobertos de desespero também os viam. Quanto a ela, só o silêncio que as vozes não conseguiam quebrar, era agora todas as vozes que a expulsavam de si. Quantas mulheres no mesmo ventre? Inúmeras e quase infinitas, meninas mortas com seus sonhos coloridos inumados no mesmo esquife. Mulheres com suas veias dilaceradas por paixões fulminantes, meninas que não se mostraram. Olhando cada face que foi dela, cada dor e cada culpa, feridas expostas e olhos inquietos. Todas elas dentro dela, elas todas diante dela. Nem menina, nem mulher.

sábado, 3 de março de 2012


Escondida no escuro
Seu coração sangra
O corpo agora álgido
Sem motivos assiste a vida que passa
O peso da alma suscita a morte
Culpa... 
Consciência que lhe falta e sobra

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

...


Ah! Amor se soubesse
Que o despertar é outro
Que a hora é breve
e os segundos infindáveis
Demudado o tempo...
Assim que viestes

Ah! Amor... Se bem soubesse
Que bálsamo... É tua pele
Que gosto... É tua boca
e os desejos latentes
Descompassado cerne
Desde que aqui és

Ah! Amor se soubesse.
Que te espero antes de ser
Que é tua essa carne em verbo
e a volúpia que guardo...
Corpos em chama
Completa em teus braços!

Ah! Amor se bem soubesse...

domingo, 19 de fevereiro de 2012


Mergulhada na solidão , nos silêncios inquietantes,

Quase abismos... uma imagem tosca refletida num espelho quebrado

Em dias de chuva deixo-me entregue ao canto solitário

Que me quebra a noite cheia de vazios, de vagas lembranças

Meu quarto vira meu mundo... Total abandono de mim

Sem encanto olho o mundo sem a inocência pueril

Sem o ar doce que me invadia a alma...

Sem sonhos nem delírios, vazia existência.