terça-feira, 26 de outubro de 2010

Avesso reverso

Uma dor que se quer existe
Rasga-me o peito e vira-me ao avesso
E quando do avesso estou me consome em chama
E restando alguma cinza, me recompõe
 E se inteiro, os reflexos no espelho
Estilhaçam meu retrato embaçado
Não me aceita sem brilho ou fosco
Devorada, embriagada no desespero da paixão
curvas sinuosas, labirinto estreito e escuro
Pensar, pensar, NÃO! Tormento...
Canto e lá está você, na música que mais gosto
Vem o amor e me torna menor,
Apaga, rasga e tira a cor...
Faz verso do meu avesso reverso,
Me esvazia e assim não sinto dor.
 

domingo, 24 de outubro de 2010

(Só)

Parece confuso
Parece estranho
É tudo tão certo
Paredes frias
Paredes mortas
Parece absurdo
É quase tortura
Vazio do mundo
Vagar devagar
Estava no ar
Estrada sem fim
Fim?
Sem fim
Parece seguir
Parece mentir
É tudo loucura
Ir sem sorrir!
Sorrir?
Ficar sem amar
Amar?
Dançar sem cantar
Pairar...
Num segundo
Na janela do quarto
E a vida passando!
Me pego presa
 Na pressa
Promessa de dor
sem fé e amor
 O dia passou?
A idade chegou!
E agora quem sou?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Partes


Que partes que partem quando alguém parte?
Que parte que fica se alguém chega?
Se quando parte partes ficam
Quando chega partes partem?
Partida ou chegada?
Você não se decide,
E tua ausência me parte...
Quando chega parece que parte
Quando parte sinto que fica.
                                              Luana Tavares

domingo, 17 de outubro de 2010

Linhas...

Entre linhas estreitas e palavras frias
Uma folha em branco era companhia
Tinta? Não mais, agora uma máquina!

Algo estranho e ainda mais frio que o teu olhar
Pensava no que não podia pensar... Sons, imagens
Nada fazia sentido
Tudo parecia perdido.
O mundo tornara-se calmo e inerte em alguns segundos
Torto contorno sem chão e sem rumo
Era verso sem rima, noite sem vento...

As palavras iam e viam,
Frias nas entrelinhas.
                        Luana Tavares

sábado, 16 de outubro de 2010

Corpos.

Nas tuas coxas frias escorria um líquido quente,
Entre as minhas pernas e a tua
Pensei em outras moças, senti outras coxas,
Aquele corpo nu desejei, queria o gosto
Apenas do teu corpo, sentia o cheiro
Era o teu que me agradava...
Aquelas, as moças eram apenas outras!
Quantas noites desenhei teus lábios volumosos
Teus seios em minhas mãos
Um silêncio tímido, um suspiro ávido
Minhas mãos percorriam tuas curvas,
Te buscavam, sentiam, tornava infinito
O momento sem tempo...
Sem tempo, te perdi no tempo.
                                 
                            Luana Tavares

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Educar? Educar!
Não me ensinaram a ensinar
Aprendi depressa como aprender
Aprendi aos poucos a compartilhar..
Todos os dias pego os meus livros
E os carrego comigo
Aprendo mais um pouco
Com os meninos e meninas que me cercam
Observo-os!
Me olham ansiosos, enérgicos, falantes...
Queria despertá-los de um sono estranho, do ócio
Queria apresentar-lhes as fantasias, um mundo encantado
Queria que se apaixonassem perdidamente pelas palavras
Que sonhassem os sonhos utópicos
Que construíssem seu mundo, nosso mundo
Ai, são tantos que os fazem acreditar
que tudo é estático, o céu é azul...
E que eles são apenas meninos e meninas
Que jamais traçarão os seus destinos.
Não, não os proíbam de sonhar,
Deixem que vivam também os seus universos particulares
Vivamos com eles, cantemos com elas...
Não passamos de aprendizes...
Não, não os proíbam de sonhar
                                                          
                                                        Luana Tavares


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Cantando saudade


Saudade! Estranha que me acompanha
Em noites e longas madrugadas,
Ela chega do nada bem de mansinho
E quando menos espero...
Ela me envolve em seu colo,
Destino da alma ou presente divino?
Ah como és bela! Vestindo teu manto da cor da espera
Eis aqui meu contentamento ingênuo,
Eis(me) aqui sem poesia. Se me faltares um dia?
Não haverá fantasia, nem cores, apenas o nada.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010


Masturbação
  É madrugada o vento suspira,
 As paredes exalam aquele perfume,
 Os pelos arrepiam, aquele cheiro é único,
 Os poros transpiram... desejo!
 Na boca um gosto,
As mãos sobem e descem
Num vai e vem descontrolado
Úmido, quente, um toque...
Faz frio! Não, calor!
Na mente teu corpo
No corpo o gozo....
                            Luana Tavares

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Amigos finalmente volto a ser blogueira. Poderei viajar em estradas que nunca existiram, traduzir-me em algumas linhas, rabiscos e nada mais. O mundo que era únicamente meu passa agora a ser de quem vier e desajar embarcar nesse mosaico... Nem lágrimas, nem palavras, apenas poesia.

Quilombos

Eu vim do Quilombo dos Palmares,
Trazendo comigo a revolução,
Carrego no peito uma nova mensagem,
No nosso quilombo não cabe descriminação.

Sou filho dos guetos cantando liberdade,
Nasci em favelas Quilombos da sociedade,
Sou negro, sou branco, sou forte.

Rasgaram dos livros as minhas vitórias,
Mas hoje já posso escrever minha história,
Sou índio, mestiço dos traços,
Posso ser branco e posso ser pardo.

Num Brasil de Navios Negreiros
Tenho traços bem brasileiros
Sou filho do Quilombo dos Palmares.
                                             Luana Tavares

Em homenagem aos 179 anos da emancipação política aí está minha 1º poesia.