domingo, 11 de março de 2012

I

Subiu até o mais alto e reparando o mundo de cima percebeu que era a menor das criaturas do mundo. Os pequenos vistos do alto viam uns aos outros, seus olhos cobertos de desespero também os viam. Quanto a ela, só o silêncio que as vozes não conseguiam quebrar, era agora todas as vozes que a expulsavam de si. Quantas mulheres no mesmo ventre? Inúmeras e quase infinitas, meninas mortas com seus sonhos coloridos inumados no mesmo esquife. Mulheres com suas veias dilaceradas por paixões fulminantes, meninas que não se mostraram. Olhando cada face que foi dela, cada dor e cada culpa, feridas expostas e olhos inquietos. Todas elas dentro dela, elas todas diante dela. Nem menina, nem mulher.

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